Da rua...descalço.
Aquela criança não existe mais. Ela se foi aos poucos, discreta, tão sutil que não percebi. Das entranhas remexo imagens, sentimentos, lembranças na esperança de achar ali, quem sabe atrás daquela brincadeira um pedacinho, uma fagulha daquela criança. O cheiro da madeira cortada, a parede com mofo, o carucho na porta, o relógio da matriz. Aonde ela se esconde?
O jardim está florido, molhado e meus brinquedos espalhados, o que importa, vou brincar amanhã de novo. A bocaina, o rosa, a serrinha, o buracão, o seminário. Eu espalhei muito de mim e esqueci pedacinhos jogados por aí. Quão me importa aonde estão, hoje eu quero brincar com eles.
Hoje, hoje eu senti saudades de mim.