O ano passado não passou, continua incessantemente.
Em vão marco novos encontros.
Todos são encontros passados.
As ruas, sempre do ano passado, e as pessoas, também as mesmas, com iguais gestos e falas.
O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer, de sol pleno, de descambar como no repetidíssimo ano passado.
Embora sepultos, os mortos do ano passado sepultam-se todos os dias.
Escuto os medos, conto as libélulas, mastigo o pão do ano passado.
E será sempre assim daqui por diante.
Não consigo evacuar o ano passado.
De novo o velho Drummond.

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