
Numa tarde de domingo, desta que parece em que o tempo pára,
um calor infernal, até o ar era pesado.
Na praça, debaixo da árvore de paina a matilha
busca na sombra um instante de refresco.
O cavalo, ainda atrelado, refuga o cansaço
da estrada.
O velho senta no canto do bar e com um gesto
é atendido de pronto pelo garoto, que parecendo
ler seus pensamentos em silencio lhe tras a cachaça.
Acende o cachimbo e com o olhar entreaberto por
causa da fumaça, ve por entre as portas a pequena
praça, aonde certamente tem muito de sua vida.
Após um gole, ainda com expressão serena balbucia
o que parecia ser uma canção, alguma coisa de uma rosa para
a morena...,
Por alguns instantes acho que só eu vi, no canto dos lábios,
um sorriso maroto, não durou mais que o suficiente, logo
seu sembrante parecia recobrar seu dia e o duro trabalho que
ainda tinha por fazer.
Ele percebeu que eu o olhava,
gentilmente gesticula a mão com o copo
me oferecendo um gole.
- toma, vai de refrescar, me oferecendo meio copo.
o cheiro de alcool tomou conta do lugar, sem como
negar, virei de uma vez só. Senti como se tivesse engolido
fogo, desceu queimando, senti uma necessidade enorme de
respirar, a garganta era pequena para os meus pulmões.
tossi feito um louco, sem tempo de me sentir constrangido.
Senti nas costas os tapas que tentavam me aliviar do tremendo
sufoco pela falta de ar.
Refeito do susto, percebi que ele ria, como quem ria pelo mundo,
caminhando em direção ao cavalo, numa destreza que não
correspondia a sua idade, montou e com um assovio pois a matilha de
pé, que sem demora tomou a frente latindo atendendo ao chamado do
seu dono.
Por vez ou outra eu tinha notícias de sua passagem por aquelas bandas
com seu cavalo e a matilha.
O dono do bar disse que ele sempre perguntava pelo garoto que certa
vez ele ofereceu um gole de pinga e que por alguns instante achou
que ia morrer de tanto tossir e saia rindo recordando da travessura
que aprontara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário